domingo, 16 de março de 2014

Você virou texto.

Máquina de Escrever



Eu descobri, finalmente, qual era a palavra que faltava naquela palavra cruzada. Não, eu não olhei nas respostas. Eu ouvi tantos assuntos que você gostaria de saber, e até fotografei coisas que você, certamente, gostaria de ver. Todo o meu dia, novidades e ócios, tudo o que vi e ouvi estão esperando a sua ligação diária, sempre a noite. Você certamente estaria fazendo outra coisa ao falar comigo, tão típico de você. Mas eu viro noite a dentro e o telefone não toca. A tela continua apagada e o volume ao máximo, mas não escuto nada. Como outros você virou texto. Juro que não queria estar escrevendo agora, queria estar contigo, ouvindo sua risada estranha que me fazia rir, ou discutindo contigo por sua teimosia. Você tão único que fica difícil te substituir ou superar. Quem você chama de chata agora? Para quem você imita as vozes dos personagens do castelo Ra-Tim-Bum? Eu assisti o filme que você falou que eu nunca assistiria, e você estava certo, eu odiei. Você ainda está nos meus favoritos no chat e no celular, e o navegador insiste em ir direto para o seu perfil quando entro na internet. Você trocou sua foto de perfil, muito bonita, como sempre. Fiquei com vontade de comentar, um comentário dizendo que você está lindo e que estou com saudades, abaixo do comentário de sua tia. Mas você responderia? Você entenderia o quanto seria difícil pra eu te mandar qualquer mensagem? Ou falar contigo depois do que você me fez? Mas eu mandei, duas. Duas mensagens sem resposta. Foi em você que eu pensei na virada do ano, de quem eu queria o meu primeiro beijo do ano, era você que eu queria pra ficar bem. Queria te mostrar minhas tatuagens novas, e que segurasse minha mão no estúdio. Queria minha tatuagem na sua, como na música. E seus planos de tatuar todo o braço? Quem vai te ajudar a escolher o que fazer? E sua barba que você estava deixando crescer?! Aposto que já está do tamanho que sempre foi. Linda! O que me fez conhecer você. Não, eu não queria que você virasse texto. Aqui você morre, você passa. Sem nem se despedir. “Agora, pra sempre, foi embora mas eu nunca disse adeus…” Queria saber se ainda pensa em mim ou se tem outra pessoa na sua vida. Com quem você passeia e com quem assiste aos jogos? E a promessa de me visitar, queria tanto que fosse cumprida. Tenho vontade de apagar essas linhas para que você não se torne isso, apenas lembranças e perguntas sem resposta. Mas você virou texto.

(BEM - Texto de 02/01/2014)

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